Abelhas estão sob ameaça nos EUA: quando uma espécie entra na lista de animais em extinção
Antes encontradas em abundância no Havaí, sete espécies de abelhas foram adicionadas no final de outubro de 2016 à lista de espécies em processo de extinção mantida pelo governo dos Estados Unidos. É a primeira vez que abelhas entram na lista do governo americano.
Em entrevista à agência de notícias Associated Press, Sarina Jepson, diretora da ONG Xerces Society, que trabalha em defesa das abelhas no Havaí, afirmou que entre as ameaças aos insetos estão: formigas exóticas (ou seja, que não pertencem originalmente ao Havaí) - que podem atacar colmeias, perda de habitat nativo devido à introdução de plantas exóticas, assim como empreendimentos imobiliários, em especial em áreas costeiras.
Além de problemas como os citados por Sarina Jepson, o uso indiscriminado de agrotóxicos também prejudica os insetos.
No Brasil há cinco espécies de abelhas consideradas ameaçadas em nível nacional, afirmou em fevereiro em entrevista à Agência Brasil Vera Fonseca, professora sênior do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo e uma das coordenadoras do estudo mundial “Polinização, polinizadores e produção de alimentos”.
A queda na população de abelhas é um fenômeno mundial que gera preocupações.
Apesar do alerta mundial, a metodologia utilizada para incluir abelhas ou quaisquer outros animais na lista dos ameaçados de extinção não são adotados de forma uniforme por todos os países.
O Nexo explica o que se leva em consideração nos Estados Unidos e no Brasil e que tipo de proteção animais sob risco recebem nesses países.
- SETE ESPÉCIES DE ABELHA DO GÊNERO 'HYLAEUS', COMO A DA FOTO, FORAM INCLUÍDAS NA LISTA DE ANIMAIS EM EXTINÇÃO PELO GOVERNO DOS EUA
A lista norte-americana
Os Estados Unidos usam uma metodologia própria a partir da qual acendem um alerta vemelho em dois casos:
Quando os animais estão sob ameaça de entrar em processo de extinção (“threatened”).
Quando eles já estão em um momento posterior, ou seja já passam pelo processo de extinção (“endangered”). Isso significa que estão a ponto de desaparecer completamente. As sete espécies de abelhas havaianas já estão em processo de extinção.
Essa metodologia atende à Lei de Animais Ameaçados, em uma tradução livre, aprovada pelo Congresso do país em 1973.
De acordo com a Federação Nacional para a Vida Selvagem, uma ONG criada com o objetivo de proteger animais nos Estados Unidos, oprocesso que determina se uma espécie está em processo de extinção usa dados científicos produzidos no país para responder às seguintes questões:
Uma parcela grande do habitat original da espécie foi degradada ou destruída?
A espécie foi excessivamente consumida para usos comerciais, recreativos, científicos ou educacionais?
A espécie sofre ameaça por doenças ou predação?
As regulações e legislações atuais são capazes de proteger adequadamente a espécie?
Há outros fatores criados por humanos que ameaçam a sobrevivência da espécie no longo prazo?
Se a resposta for sim para qualquer um desses casos, a espécie recebe o status de “em processo de extinção” ou “sob ameaça de estar em processo de extinção” - isso depende do grau do risco.
Quando uma espécie é classificada como ameaçada ou em extinção, ela ganha proteções especiais do governo federal. Animais sob essas classificações não podem ser caçados, mortos, atacados, vendidos ou trocados.
E o governo dificulta a concessão de licenças para realizar uma série de atividades nos terrenos que eles habitam. Recursos também são direcionados para implementar iniciativas que promovam o crescimento das populações.